É impossível contar a história do samba de Belo
Horizonte sem associá-la a José Luiz Lourenço, o
lendário “Mestre Conga”. Nascido às
vésperas do carnaval de 1927, em Ponte Nova, Zona da Mata
mineira, carrega na bagagem uma incansável luta pelas
tradições afro-brasileiras.
Filho do lavrador e sanfoneiro Luiz Balduíno Gonzaga e de Dona
Cacilda Lourenço, Mestre Conga assina vários feitos ao
longo de 60 anos dedicados ao mundo da música. Foi um dos
fundadores, em 1950, do Grêmio Recreativo Escola de Samba
Inconfidência Mineira, a mais antiga agremiação
carnavalesca em atividade na capital mineira.
Também ajudou a introduzir nos desfiles o samba-enredo, em uma
época em que as escolas da cidade ainda se utilizavam dos temas
de improviso para atravessar a passarela e animar os foliões.
Mesmo com essas facetas, só aos 80 anos conseguiu gravar, em
2006, seu primeiro disco idealizado e produzido por Júlio Coelho
Rosa, com direção e arranjos de Geraldinho Alvarenga, o
CD conta com a participação de um time de músicos
do calibre de Celso Moreira (violão), Geraldo Magela
(violão de 7 cordas), Hélio Pereira (trombone e
bandolim), Eduardo Braga (cavaquinho), Rogério
(percussão), engrossado ainda pelas "pastoras" Doneliza de
Souza, Lúcia Santos e Rita Silva.
Nas 12 faixas, todas assinadas por ele, Conga faz da poesia a ponte
para percorrer um caminho sem volta, mas bastante nostálgico.
Lembra dos “maiorais” (como eram chamados os líderes
do samba) Javert Tomé de Sena, Mestre Dórico e
Célio Bangalô, de Dona Lourdes Maria de Souza (Lourdes
Bocão), “a dama da escola de samba Monte Castelo”,
além dos bairros e pontos de encontro de uma Belo Horizonte
ainda em formação.
Por fim, homenageia sua escola do coração em “Mais
esta saudade”: “a ela faço reverência/querida
Inconfidência/é lindo seu vermelho alvianil…”
. Apelido A trajetória de Mestre Conga pela cultura popular,
porém, remonta à década de 1930, quando passa a
beber da fonte de matrizes afro-brasileiras, como o calango, a
batucada, o samba rural e a congada, do qual vem o apelido que o marca
pelo resto da vida. “Meus colegas zombavam de mim na escola, me
apelidaram de Conga. Ficava bravo, mas depois fui acostumando com esse
nome”, diz.
Na adolescência, ao mesmo tempo em que passa a freqüentar
aulas de dança de salão, começa a trabalhar em uma
fábrica de sapatos para ajudar no sustento de uma família
de 10 filhos. Com a suspensão das festas de rua, no
período em que durou a II Guerra Mundial (1939-1945), os bailes
de salão tomam conta da cidade e Conga se destaca como passista.
“Naquela época, nos chamavam de batuqueiros”,
explica. Passado o período bélico, as escolas e blocos
carnavalescos retomam os desfiles na Avenida Afonso Pena e Mestre Conga
ingressa em sua primeira escola de samba, a Surpresa, braço da
pioneira do gênero, a Pedreira Unida, criada em 1938, na Pedreira
Prado Lopes.
Aos 19 anos, passa a dirigir a Remodelação da Floresta,
uma dissidente da Unidos da Floresta. “Aí que comecei a
tomar gosto pelo samba, porque antes era uma coisa
despretensiosa”, admite. Em 1948, ganha o título de
“Cidadão do Samba”, concurso promovido pelos
Diários Associados, que movimentava toda a cidade no
período de carnaval.
Faixas:
01 – Lágrimas Sentidas
02 – O Mel e A Flor
03 – Sofrimentos
04 – Praça Sete
05 – O Tombo do Guerreiro
06 – Consulta
07 – Meu Tamborim
08 – Mal de Amor
09 – Gira, Mundo
10 – Lurdes Maria
11 – Eterna Paixão
12 – Mais Esta Saudade
Todas as músicas de Mestre Conga
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