Grupo mineiro de maracatu resgata repertório clássico do ritmo em CD
Maracatu Lua Nova, do Bairro Aparecida, em Belo Horizonte, faz festa
para comemorar seus 10 anos e lança disco com temas recolhidos
por Guerra Peixe nos anos 1940 e 1950
“É uma festa diferente. Não é só show
de palco, mas apresentações com grande
interação com o público, para mostrar a riqueza
cultural do Bairro Aparecida.” Assim André Salles Coelho,
de 46 anos, coordenador do Maracatu Lua Nova, de Belo Horizonte, se
refere às comemorações dos 10 anos de
existência do grupo.
O Maracatu Lua Nova tem cerca de 60 integrantes. “Desde
crianças de três anos até senhoras que, por
educação, eu não pergunto a idade”, brinca
André Salles. O disco, explica ele, traz 22
composições recolhidas em Pernambuco, transcritas e
publicadas em livro com o mesmo nome, pelo maestro, compositor e
pesquisador César Guerra-Peixe (1914–1993), nas
décadas de 1940 e 1950.
Apesar do livro ser largamente conhecido entre pesquisadores e
praticantes de maracatu, essas melodias, em sua maior parte, já
estão esquecidas, inclusive entre os integrantes dos grupos mais
antigos e tradicionais”, continua André Salles,
suspeitando que se trata da primeira gravação do
material. “O CD é um registro histórico, mas
também é disco com produção musical muito
bonita. Maracatus são grupos com muita energia musical. O nosso
objetivo é que as pessoas, e inclusive os grupos de maracatus,
conheçam essas músicas.”
Bairro Aparecida
O Lua Nova nasceu do encanto de André Salles e outros
integrantes com o maracatu, o que os levou a fazerem oficinas dedicadas
à manifestação e a viagem a Recife para conhecer
mestres e praticantes. “Recife está a 2 mil
quilômetros de Belo Horizonte. Então, para continuar o
trabalho, era mais fácil criar um grupo em Belo Horizonte do que
ficar viajando para Pernambuco”, justifica André. Para
ele, os 10 anos de existência do grupo têm sabor de
vitória. “É grupo grande, que ensaia todos os
sábados; são quatro uniformes, trinta e tantos
instrumentos. Então não é simples administrar tudo
isso. Cobra muita dedicação”, completa, lembrando
que, depois de alugar casa, foi necessário comprar terreno para
criar a sede.
No simbolismo, conta André, o maracatu é semelhante aos
congados: fazem a festa de coroação de reis negros. Os
tambores graves são mais um elemento que aproxima as duas
práticas. Se em Pernambuco os grupos são mais
próximos do candomblé, em Minas Gerais estão
juntos aos católicos. O grupo de Belo Horizonte desenvolve duas
linhas de atividades: uma participando de festas tradicionais; outra
atuando como convidado em vários eventos (festival de inverno,
carnaval de Ouro Preto e inauguração de
estabelecimentos.). “O maracatu tem um ritmo marcante,
dança, figurinos e canto bonitos, mas o mais importante é
promover o encontro de todas as pessoas da comunidade”, defende
André, acrescentando que os seus ensaios são abertos a
quem quiser ir.
André Salles é só elogios ao Bairro Aparecida.
“É e sempre foi musicalmente riquíssimo”,
afirma. O mesmo espaço onde se reúnem congados, guardas e
maracatu abriga quadrilhas, grupos de samba, choro, coco e um de
música barroca. “Aos poucos Belo Horizonte está
começando a conhecer a cultura daqui”, observa, lembrando
que no segundo fim de semana de junho acontece ali uma festa
tradicional com a presença de 20 guardas de moçambique de
várias cidades.
Por Walter Sebastião - EM Cultura
Faixas:
01 – Resplando
02 – A Nossa Bandeira
03 – Aqui dentro dessa Sede
04 – Lancêro Novo
05 – Dona Luzia (Dona Emilia)
06 – Ôu, Costa Véia
07 – Ô-Lê-Lê-Ôu
08 – Fala-Buzina
09 – Aê-Aê
10 – Segue Embaixadô
11 – Lua Nova (Dona Emilia) Quando sai
12 – Ô-Lê-ô
13 – Vamo Vê Luanda
14 – Viva o Nosso Rei na Corte
15 – Eu Mandei Chamá
16 – Os Reis que Veio da China
17 – A Bandêra é Barsilêra
18 – Ambaixadô, Ói o Elefante
19 – Ah, Chegô, Chegô
20 – Nas Água Verde do Má
21 – Lua Nova (Elefante) Tu Sois Braço Forte
22 – Vou pra Bahia Brincá
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