Cantora.
Carioca de Nascimento, mudou-se para Belo Horizonte (MG) aos seis anos de idade.
Professora de geografia formada pela Universidade Federal de Viçosa.
Cantora e compositora nascida no Rio mas radicada em Minas Gerais desde
criança, Aline Calixto vai lança seu terceiro disco
intitulado Meu Ziriguidum. A cantora afinada que começou no
samba e ganhou a simpatia e o apreço dos mais respeitados bambas
do gênero musical mais popular do país mostra, neste
álbum, que também é compositora (e de mão
cheia, diga-se de passagem).
Mais madura e segura tanto do seu canto quanto do caminho que deseja
seguir, Aline deu ao disco o nome de uma canção composta
por ela em parceria com Gabriel Moura. Tal canção abre o
disco e retrata a mulher moderna que vai pro samba do jeito que quer
sem qualquer preconceito ou pudor. Os primeiros versos já
denotam claramente esta segurança: Eu vou pra batucada / Eu vou
de coração / Eu vou de madrugada / Eu vou com você
ou não.
Meu Ziriguidum tem onze faixas, produção assinada por
Paulão 7 Cordas e Thiago Delegado e as
participações de Zeca Pagodinho, Alindo Cruz e do rapper
paulistano Emicida que faz um belo dueto com Aline na releitura do
clássico imortalizado por Clara Nunes, Conto de Areia. Assim
como a produção do álbum uniu duas
gerações, o repertório também teve essa
preocupação. Composições dos renomados
Arlindo Cruz, Moacyr Luz e Serginho Beagá se misturam com as de
jovens autores como Rogê, João Martins e Leandro Fregonesi.
É da dupla de veteranos Moacyr Luz e Délcio Luiz a
segunda faixa do disco, No pé miudinho, que traz a
participação de Zeca Pagodinho. Um samba que se
‘auto exalta’ através de um personagem tipicamente
caracterizado. Na sequencia, um samba do jovem compositor Leandro
Fregonesi chamado Entre você e euque retrata claramente o
término de um romance motivado pelas graves diferenças
entre o casal, logo, sem volta.
A quarta faixa do disco, Papo de Samba, composta pelo trio Carlos
Caetano, Moisés Santiago e Flavinho Silva, foi gravada no
início da década de 2000 pela turma do Fundo de Quintal e
é um samba divertido cuja letra faz alusão a um
personagem suburbano e suas peripécias cotidianas. Toda Noite
é a composição mais cadenciada do álbum e
conta com a participação de Arlindo Cruz. Com letra do
próprio em parceria com Maurição, este samba fala
daquele amor que apesar de não estar mais ao lado, não
sai da mente. JáIbamolê, de Serginho Beagá,
é um samba-ijexá repleto de ruídos rítmicos
oriundos da religiosidade afro-brasileira e fala do encontro de um
pescador com Oxum, a orixá que reina nas cachoeiras.
A sétima faixa do disco é uma ode à mulher
brasileira. Com letra de Arlindo Cruz e Rogê, Musas, é um
samba exaltação ao feminino. Em Pedreira, a
resistência do amor é cantada através de versos
fortes comoSe o meu amor tivesse um fim / Não era pra
recomeçar / Nao era para implorar / Um calor de um beijo seu /
Custe o que custar / Vai pagar pra ver.
A décima canção do álbum, Lenda das Matas,
composta por João Martins e Raul Dicaprio, é um samba com
referências da Umbanda e faz alusão a personagens do
folclore brasileiro numa história rica e cheia de
mistérios.
Encerrando o terceiro disco de Aline Calixto, em total clima de festa,
o samba de Serginho Beagá, Eu sou assim. Os instrumentos que
fizeram deste ritmo um dos mais festivos do planeta são
exaltados nos versos desta canção. Meu Ziriguidum, como o
próprio nome indica, tem samba na rima, no batuque e nos
arranjos. O álbum não tem a intenção de ser
um disco de samba tradicional, ao contrário, é um
álbum de samba em perfeita simbiose com seus gêneros
irmãos como pagode, ijexá e o rap. Meu Ziriguidum
é atitude carregada de swing, sensualidade, malemolência e
liberdade.
Faixas:
01 – Meu Ziriguidum – Aline Calixto e Gabriel Moura
02 – No Pé do Miudinho – Moacyr Luz e Délcio Luiz
03 – Entre Você e Eu – Leandro Fregonesecá
04 – Papo de Samba – Carlos Caetano, Moisés Santiago e Flávio da Silva Gonçalves
05 – Toda Noite – Arlindo Cruz e Maurição
06 – Ibamolê – Serginho Beagá
07 – Musas – Arlindo Cruz e Rogê
08 – Conto de Areia (Incidental: Rap de Areia) – Romildo Souza Bastos, Antônio Carlos de Nascimento e Emicida
09 – Pedreira – Fabinho do Terreiro e Ricardo Barrão
10 – Lenda das Matas – João Martins e Raul de Souza Vidigal
11 – Eu Sou Assim – Serginho Beagá
Aline Calixto – Flor Morena (2011)
Em 2009, Aline Calixto despontou no mercado fonográfico com o
lançamento de álbum superestimado, cujo repertório
remetia à vivência mineira dessa cantora nascida no Rio de
Janeiro (RJ), mas criada nas Geraes. Sucessor de Aline Calixto (2009),
Flor Morena chega às lojas neste mês de junho de 2011 com
alteração na rota geográfica do samba propagado na
voz afinada da intérprete.
Embora faça escalas em vários pontos da crioula
nação do samba, reverenciada em Cabila (Peu Meurray e
Leonardo Reis), o segundo disco de Calixto aposta na diversidade do
gênero ao mesmo tempo em que aproxima mais a artista do samba
cultivado nos mais nobres quintais cariocas - a ponto de ter sua
inédita faixa-título assinada pela dupla de bambas
Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho (com a adesão de Jr. Dom).
Flor Morena - o samba fornecido pelo trio carioca para Calixto - segue
linha melódica e poética pouco original, mas é
belo e dá o tom elegante de um disco que começa em clima
de terreiro com a Gemada Carioca oferecida por Martinho da Vila. A
letra desenha a árvore genealógica da cantora. Na
sequência, Me Deixa que Eu Quero Sambar - grande tema de Mauro
Diniz - celebra o próprio samba, citando em seus versos a luz
divina que iluminou a obra atemporal de criadores como Candeia (1935 -
1978). É sob essa luz que floresce ainda a
regravação de Coração Vulgar (Paulinho da
Viola), samba de 1965, alvo de registro interiorizado.
Contudo, certa de que o samba não tem fronteiras, Calixto
extrapola o quintal carioca em Flor Morena. Caçuá (Edil
Pacheco e Paulo César Pinheiro) - tema já gravado por
Edil no álbum O Samba me Pegou (2003) - evoca a sensual
manemolência baiana com citação de Maracangalha
(Dorival Caymmi) enquanto De Partir Chegar (Joca Perpignan e
João Cavalcanti) transita com poesia entre a ciranda e o
maracatu de Pernambuco. Já Conversa Fiada - única faixa
assinada somente por Calixto - esboça diálogo entre o
samba e a salsa que não chega a ganhar forma e
consistência.
Ainda na seara autoral, Calixto é parceira de Thiago Paschoa e
Arhtur Maia na romântica Teu Ouvido, faixa em que o som do bumbo
simboliza as batidas descompassadas de um coração
apaixonado. Em linha mais bem-humorada, Je Suis la Maria (Dora Lopes,
Jorge Rangel e Jean Pierre) leva o samba para um salão de
gafieira por conta dos sopros arranjados por Marcelo Martins.
Aliás, há todo um frescor nos arranjos que valorizam
até sambas medianos como Blá Blá Blá
(Serginho Beagá) - efeito provável da
produção de Flor Morena ter sido confiada ao baixista
Arthur Maia, nome pouco pronunciado nos quintais onde se cultiva o
samba mais tradicional. Maia pilotou o álbum com respeito
às tradições do samba, mas sem os clichês
recorrentes em discos do gênero.
Neste CD pautado pelo sincretismo musical, Ecumenismo (Moacyr Luz e Nei
Lopes) reza pela cartilha da diversidade religiosa no mesmo tom
libertário da miscigenação saudada em Cafuso
(Toninho Geraes e Toninho Nascimento). Cafuso prepara o terreiro
para o fecho de ouro do disco, Reza Forte (Rodrigo Maranhão e
Mauro Reza), samba-jongo que explicita a criação mineira
da artista enquanto festeja a nobreza suburbana na qual está
enraizado o samba cultivado nos quintais do Rio de Janeiro. Muito
superior ao primeiro disco da cantora, Flor Morena alicerça a
voz, a imagem e o samba reverente de Aline Calixto.
Faixas
01 - Gemada Carioca
02 - Me Deixa Que Eu Quero Sambar
03 - Flor Morena
04 - Conversa Fiada
05 - Caçuá
06 - Je Suis La Maria
07 - Coração Vulgar
08 - Ecumenismo
09 - De Partir Chegar
10 - Teu Ouvido
11 - Blá Blá Blá
12 - Cabila
13 - Cafuso
14 - Reza Forte
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