Ela
confundia a todos. A primeira impressão logo se desvanecia e
quem se aproximava se surpreendia. Não se sabe se o fazia
por
"boniteza ou por precisão", como dizia Guimarães
Rosa.
Mas a verdade é que os estereótipos desmoronavam
quando
ela acolhia os seus eleitos. E as revelações se
sucediam.
Atrás daquela voz suavemente aguda e afinada se escondiam
tons
graves que poucos conseguiam atingir. Atrás da origem
humilde,
uma sensibilidade e uma inteligência incomuns. A
técnica
irrepreensível era outro disfarce: Elis era pura
emoção. E cantar não era o objetivo
final, ela
queria mesmo era fazer as pessoas felizes. Mas foi Rita Lee quem
desmoralizou o clichê recorrente, a pimentinha era na verdade
uma
doce figura. O DVD "Doce de Pimenta" homenageia Elis e
constrói
um retrato singelo da trajetória da nossa cantora maior.
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